Ao meu pai, Charles Naselli, um conselheiro sábio
Introdução: Decisões, Decisões, Decisões
Alguns pesquisadores estimam que um adulto toma cerca de 35.000 decisões todos os dias. Não sei como provar um número como esse, mas é evidente que você está constantemente decidindo o que fazer. Você toma a maioria das decisões rapidamente, como se deve olhar para este lado, se mover para aquele lado, pensar neste pensamento ou dizer aquela palavra. Muitas de suas decisões são relativamente pequenas, como o que comer ou o que vestir. Algumas de suas decisões são morais, como como se comportar em uma situação específica. Suas decisões mais raras são as grandes, como se casar com uma pessoa específica ou escolher uma carreira específica.
Quando chega a hora de decidir o que fazer para decisões mais importantes, algumas pessoas ficam tão ansiosas para agir que pulam as etapas de “preparar” e “mirar” de “preparar, mirar, atirar”. Outras que são mais indecisas podem gastar tanto tempo nas etapas de “preparar” e “mirar” que, em sua grande cautela, hesitam em puxar o gatilho. Elas se sentem paralisadas, como se um bruxo do mundo de Harry Potter tivesse lançado o Petrificus Totalus feitiço sobre eles — uma maldição que os prende completamente.
Por que algumas pessoas congelam quando é hora de tomar uma decisão? Um dos motivos é a paralisia da análise: “Existem várias opções, e eu quero mais informações antes de decidir.”
Outra razão é que eles hesitam em se comprometer porque gostam de ter opções. Não estou falando de FOMO — o medo de perder. Estou falando do FOBO — o medo de melhores opções. Algumas pessoas tendem a esperar para se comprometer com uma decisão porque uma opção melhor pode aparecer. Por exemplo, você pode hesitar em responder a um convite para jantar no sábado à noite porque não quer perder algo melhor. Ou você pode adiar o compromisso de frequentar uma faculdade específica porque algo mais desejável pode aparecer no último minuto. Ou você pode deixar de convidar uma jovem elegível para sair porque talvez um dia você descubra uma que tenha aparência e caráter ainda melhores.
Os cristãos em particular podem congelar quando é hora de tomar uma decisão porque acham que Deus quer que eles façam algo muito específico e têm medo de fazer a escolha errada. Se fizerem a escolha errada, estarão fora da vontade perfeita de Deus. Vamos abordar essa preocupação primeiro e depois considerar como decidir o que fazer.
Parte I: A Bíblia promete que Deus revelará a você exatamente o que você deve fazer em cada situação específica?
Resposta curta: Não. Mas e quanto a Provérbios 3:5–6?
“Confie no Senhor de todo o seu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.”
Essa passagem promete que Deus irá especificamente direcionar ou guiar você a fazer uma escolha particular quando estiver em uma encruzilhada? Os cristãos comumente citam Provérbios 3:5–6 como sua passagem bíblica de referência sobre como saber a vontade específica de Deus em uma questão para uma grande decisão:
- Onde você deveria ir para a faculdade? Ou você deveria ir para a faculdade?
- Com quem você deve se casar?
- A qual igreja você deve se filiar?
- Que emprego você deveria ter?
- Em que cidade ou município você deveria morar?
- Que casa você deve comprar (ou alugar)?
- Que carro você deve comprar?
- Você deve se mudar para um lugar diferente?
- Como você deve investir seu dinheiro?
- Como você deve investir o resto da sua vida quando estiver aposentado?
Qual é a visão subjetiva de encontrar a vontade de Deus?
De acordo com uma visão comum de encontrar a vontade individual de Deus para sua vida (que estou chamando de visão subjetiva), se você confiar no Senhor, então ele deixará claro para você exatamente qual escolha você deve fazer. Como? Por meio das Escrituras, do testemunho interior do Espírito, circunstâncias, conselhos, seus desejos, senso comum e/ou orientação sobrenatural como impressões e um sentimento de paz. Orientação sobrenatural é o que os adeptos dessa visão tendem a focar com este resultado: a chave para saber o que fazer não é que você use cuidadosamente sua mente para analisar sabiamente uma situação com base em princípios que Deus revelou na Bíblia. A chave é que você espere que Deus o encha de orientações, impressões, incitações e sentimentos. Garry Friesen resume concisamente a visão subjetiva com quatro declarações:
- Premissa: Para cada uma de nossas decisões, Deus tem um plano ou vontade perfeita.
- Propósito: Nosso objetivo é descobrir a vontade individual de Deus e tomar decisões de acordo com ela.
- Processo: Interpretamos as impressões internas e os sinais externos através dos quais o Espírito Santo comunica sua liderança.
- Prova: A confirmação de que discernimos corretamente a vontade individual de Deus vem de uma sensação interior de paz e dos resultados externos (bem-sucedidos) da decisão.
Essa visão subjetiva sobre discernir ou encontrar a vontade de Deus é como uma versão modificada do Urim e do Tumim. Sob a aliança mosaica, os líderes do povo de Deus podiam pedir a Deus para revelar sua vontade específica em um assunto e poderiam obter uma resposta direta de Sim ou Não a uma pergunta direta com o Urim e o Tumim (por exemplo, 1 Sam. 14:41–42). A resposta era objetiva e claramente divina. Nenhum sentimento necessário. Mas não estamos mais sob a aliança mosaica, e essa visão subjetiva sobre conhecer a vontade de Deus não é objetiva nem claramente divina.
A visão subjetiva é equivocada por pelo menos seis razões:
1. A Bíblia é suficiente para conhecer, confiar e obedecer a Deus.
Andrew Murray (1828–1917) representa a visão subjetiva quando diz: “Não é suficiente para nós termos a Palavra e tirar e aplicar aquilo que achamos que devemos fazer. Devemos espere em Deus para nos orientar, para saber o que Ele quer que façamos.”
Mas Deus nos deu a Bíblia para nos guiar. A visão subjetiva enfraquece a suficiência das Escrituras. Pessoas que seguem a visão subjetiva não estão necessariamente rejeitando a suficiência das Escrituras, mas estão vivendo de forma inconsistente com ela. A visão subjetiva espera que Deus o guie para fazer escolhas específicas, enchendo-o de orientações, impressões, incitações e sentimentos, mas Deus nunca promete fazer isso por você. Em vez disso, Deus revelou sua vontade suficientemente na Bíblia para ajudá-lo a viver sabiamente. A suficiência das Escrituras significa que a Bíblia é inteiramente suficiente para seu propósito — para você conhecer, confiar e obedecer a Deus (veja 2 Timóteo 3:16–17). O propósito da Bíblia não é responder diretamente a todas as perguntas que você pode fazer. O propósito principal da Bíblia é revelar Deus para que você possa conhecê-lo e honrá-lo.
A recompensa de Provérbios 3:5–6a é que Deus “endireitará as tuas veredas” (Provérbios 3:6b). A ideia é que Deus removerá os obstáculos para que você possa seguir com sucesso no caminho certo. Existem apenas dois caminhos que você pode seguir: o caminho dos ímpios ou o caminho dos justos (Provérbios 2:15; 11:3, 20; 12:8; 14:2; 21:8; 29:27). O caminho errado é moralmente tortuoso; o caminho certo é moralmente reto. O caminho reto é o caminho recompensador. Para Deus endireitar as tuas veredas significa que ele te capacita a viver sabiamente e então desfrutar das recompensas que resultam de viver sabiamente. Provérbios 3:5–6 não ensina que Deus irá te direcionar ou guiar com revelação especial fora da Bíblia. A Bíblia é suficiente para conhecer, confiar e obedecer a Deus.
2. A Bíblia tem autoridade sobre suas impressões e sentimentos.
A visão subjetiva leva você a valorizar mais seu próprio senso da vontade de Deus do que o que Deus realmente revelou na Bíblia como sendo sua vontade. O foco é seu senso subjetivo — não o que Deus falou objetivamente.
Não é necessariamente errado decidir o que fazer com base em seu pressentimento ou intuição em uma situação. Mas você não precisa de um sentido de aranha para confirmar que está fazendo o que Deus quer que você faça. Você não precisa sentir uma sensação especial de paz antes de decidir o que fazer. O que você precisa é de sabedoria com base no que Deus revelou na Bíblia.
Alguns acham que o comando de Paulo em Colossenses 3:15 apoia a visão subjetiva: “Que a paz de Cristo governe em seus corações.” Mas no contexto literário (Col. 3:11–15), Paulo não está orientando que você, como um cristão individual, deva decidir o que fazer com base em se você sente paz em seu coração. Paulo está orientando como a comunidade de crentes deve tratar uns aos outros — semelhante à sua exortação à igreja em Efésios 4:3 para ser “ansiosa para manter a unidade do Espírito no vínculo da paz.”
E se o seu senso subjetivo do que você deveria fazer contradiz As palavras de Deus? Por exemplo, a Bíblia diz claramente: “Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da imoralidade sexual” (1 Tessalonicenses 4:3). E se você sentir que, no seu caso especial, Deus quer que você faça sexo com alguém com quem você não é casado (ou que Deus quer que você namore e se case com um não cristão)? E se você tiver uma forte impressão de que Deus lhe disse para fazer isso? E se sua consciência estiver limpa sobre isso? Em tal caso, sua consciência pode estar limpa, mas calibrada erroneamente. A Palavra clara e suficiente de Deus tem autoridade sobre suas impressões e sentimentos.
E se você estiver escolhendo entre dois ou mais bom opções? Você não precisa lançar sortes ou dispor um velo ou buscar uma impressão subjetiva ou sonho ou visão ou mensagem angelical ou sinal ou voz mansa ou profecia preditiva. A Bíblia registra instâncias de Deus falando a indivíduos de maneiras isoladas, claras, específicas, milagrosas, iniciadas por Deus — como Moisés e a sarça ardente em Êxodo 3. Mas essas instâncias são incomuns. Elas não são um paradigma de como devemos tomar decisões. Deus pode obviamente fazer o que quiser, então não estou dizendo que ele não pode comunicar conosco de qualquer forma, exceto a Bíblia. Mas isso não é normal ou necessário, então é equivocado priorizar a busca da liderança direta de Deus fora da Bíblia. E mesmo que Deus pareça lhe dar uma orientação extraordinária, essa orientação não carrega a autoridade das Escrituras. Você não deve tratar tal comunicação da mesma forma que trata as Escrituras suficientes porque você não pode ter certeza de que tal comunicação realmente vem de Deus, nem pode ter certeza de que está interpretando tal comunicação corretamente. Se você quer ouvir a voz de Deus com certeza, então leia a Bíblia. A Bíblia tem autoridade sobre suas impressões e sentimentos.
3. A Bíblia enfatiza que você deve confiar na sabedoria de Deus que ele já revelou.
A visão subjetiva leva você a se concentrar em fazer com que Deus o direcione ou guie com novas revelações sobre o que fazer em uma situação específica, em vez de confiar na sabedoria que Deus já lhe revelou na Bíblia. Mas o contexto literário de Provérbios 3:5–6 não contrasta usando minha mente contra esperando misticamente que Deus ignore minha mente. O contraste é entre confiar meu próprio sabedoria versus confiança de Deus sabedoria.
Nosso problema é que confiamos pecaminosamente em nossa própria sabedoria. É como se eu arrogantemente tentasse fazer pão de fermento sozinho, ignorando as instruções especializadas da minha esposa (sou especialista em comendo pão de fermento natural, mas não em fazendo (isto). Quando insistimos em confiar em nossa própria sabedoria, estamos sendo tolos e rebeldes. Devemos confiar de Deus sabedoria. No livro de Provérbios, a maneira como conhecemos a sabedoria de Deus é por audição às instruções de Deus, aos ensinamentos de Deus. Acessamos isso na Bíblia. Confiamos em Deus estudando o que Deus falou e então obedecendo com sua ajuda. É por isso que os cristãos memorizam a Bíblia, estudam a Bíblia, cantam a Bíblia, oram a Bíblia e obedecem à Bíblia; a Bíblia é nossa principal e final fonte para conhecer a sabedoria de Deus. Confiamos nas palavras de Deus. Nós nos apoiamos nas palavras de Deus. A Bíblia está cheia de promessas em que confiar e ordens em que obedecer. Concentre-se nelas (por exemplo, Romanos 12:9–21; Efésios 4:17–5:20).
A visão subjetiva leva você a se concentrar no que Deus tem não revelado em vez de focar no que Deus tem revelado. Isso leva você a ficar obcecado em escolher entre duas ou mais opções aparentemente boas. Você deve se juntar a esta igreja ou àquela igreja? Você deve namorar este cristão ou aquele cristão? Você deve ir para esta escola ou aquela escola? Você deve aceitar este ou aquele emprego? A Bíblia não responde diretamente a essas perguntas. Deus se importa com todos esses detalhes, mas ele se importa mais que você o ame com todo o seu ser e ame seu próximo como a si mesmo e que você observe atentamente sua vida e doutrina (1 Timóteo 4:16). A visão subjetiva leva você a se preocupar em como escolher entre boas opções (como se você deve morar nesta casa ou naquela casa) em vez de se preocupar em acreditar e obedecer à Bíblia. A visão subjetiva apresenta a vontade de Deus como se Deus a tivesse escondido de você e o tornasse responsável por encontrá-la e segui-la.
Os teólogos nos ajudam aqui distinguindo dois aspectos da vontade de Deus. Um aspecto é o que Deus gostaria que acontecesse (por exemplo, não mate), e outro aspecto é o que Deus realmente quer que aconteça (por exemplo, Deus predestinou que as pessoas assassinariam Jesus — Atos 2:23; 4:28). Os teólogos distinguem essas duas maneiras pelas quais Deus quer com vários termos — veja a Figura 1.
Fig. 1. Termos que distinguem duas maneiras pelas quais Deus quer
O que Deus gostaria de ver acontecer
(Isso nem sempre acontece) |
O que Deus realmente quer que aconteça
(Isso sempre acontece) |
Vontade moral: É isso que devemos obedecer. Deus nos diz o que é certo e errado. |
Vontade soberana: É o que Deus ordena. |
Vontade comandada: Isto é o que Deus ordena. |
Vontade decretada: É o que Deus decreta. |
Vontade revelada: Deus nos diz o que devemos fazer. |
Vontade secreta ou oculta: Deus normalmente não nos revela seu plano detalhado com antecedência. (Uma exceção é a profecia preditiva, como Daniel 10.) |
Deus revela sua vontade moral para nós (Mt 7:21; Hb 13:20–21; 1 Jo 2:15–17), mas Deus geralmente não revela sua vontade soberana para nós (Ef 1:11). Então, quando estamos tentando decidir o que fazer, devemos nos concentrar em obedecendo A vontade moral, ordenada ou revelada de Deus — não sobre encontrando sua vontade soberana ou decretada ou secreta/oculta. Deuteronômio 29:29 coloca esses dois aspectos da vontade de Deus bem próximos um do outro: “As coisas secretas pertencem ao SENHOR nosso Deus, mas as coisas que são reveladas pertence a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.” Você não precisa se preocupar com encontrando “as coisas secretas” antes de tomar uma decisão. Em vez disso, você é responsável por obedecer “as coisas que são reveladas”, que envolve usar sabedoria para tomar uma decisão. A Bíblia enfatiza que você deve confiar na sabedoria de Deus que ele já revelou.
4. A Bíblia enfatiza que você é responsável por tomar decisões.
A vontade moral de Deus inclui não apenas como você deve se comportar externamente, mas o que deve motivá-lo internamente. Mas não especifica precisamente tudo para você. Quando você tem opções viáveis, a visão subjetiva leva você a ser mais passivo — a deixar Deus guiá-lo com ideias e sentimentos espontâneos que não são baseados em muitas evidências ou pensamento consciente. Pode ser uma maneira conveniente de tirar a culpa de si mesmo e evitar assumir a responsabilidade por uma decisão desafiadora. Pode ser uma desculpa hiperespiritual para ser preguiçoso em vez de orar por sabedoria e então usar seu cérebro. Mas os mandamentos na Bíblia pressupõem que você é responsável por tomar decisões. E um desses mandamentos é “Obtenha sabedoria” (Provérbios 4:5, 7).
Quando eu estava na escola, conheci um cara que estava namorando uma jovem cristã. Ambos amavam o Senhor e eram irrepreensíveis em seu caráter. Conforme o namoro deles se tornou mais sério, a moça decidiu terminar. O cara ficou confuso porque não entendia por que ela estava terminando o relacionamento. Tudo o que ela dizia é que não “tinha paz sobre “namorar com ele por mais tempo (o que é melhor do que dizer isso Deus disse para ela terminar!). Ela usou um jargão pseudoespiritual que implica: “Ei, não me culpe. Estou apenas caminhando com o Senhor e seguindo sua liderança aqui.”
Às vezes, um pastor pode seguir a visão subjetiva justificando sua visão com alguma versão de "Deus me disse". Mesmo quando esse tipo de testemunho é bem-intencionado, ele pode influenciar as pessoas injustamente. Pode deixar os membros da igreja pensando: "Quem sou eu para ficar no caminho de Deus? O próprio Deus falou especificamente com o pastor, então esta é claramente a vontade de Deus". Na verdade, pode ser manipulador quando alguém (especialmente um líder) eleva suas impressões subjetivas (que podem ou não ser do Senhor) a um lugar além da crítica ou do desafio.
Quando os líderes da igreja apelam para a revelação particular e especial de Deus como um padrão, outros os imitarão. Isso leva a um cara dizendo a uma jovem: "Deus me disse para me casar com você", e a jovem respondendo: "Não, ele não disse. Ele me disse para não me casar com você".
Compare como Paulo explica suas decisões:
- "Se parece aconselhável [apropriado (NASB, NLT), adequado (LSB), adequado (CSB)] que eu também vá, eles me acompanharão” (1 Co 16:4).
- “Eu acho que é necessário para vos enviar de volta Epafrodito” (Filipenses 2:25 NVI).
- “Quando não podíamos mais suportar, nós achamos melhor para ficarmos sozinhos em Atenas” (1 Tessalonicenses 3:1 NVI; cf. NASB, CSB).
- “Eu decidi para passar ali o inverno” (Tito 3:12).
Paulo reconheceu sua própria agência em suas decisões, e faríamos bem em seguir seu exemplo. Em vez de dizer: “Deus me disse para fazer isso” ou “Deus colocou isso em meu coração” ou “Eu senti que Deus falou comigo”, seria melhor dizer “Eu pensei e orei sobre isso, e isso me parece sábio”. Assuma a responsabilidade pelo que você decide.
5. A visão subjetiva é impossível de ser seguida consistentemente.
Se você toma milhares de decisões todos os dias, como pode reservar um tempo para confirmar que cada uma delas é exatamente o que Deus quer que você faça? Quando você está se vestindo, por que escolher aquelas meias? Quando você está fazendo compras, por que escolher aquela caixa de ovos? Quando você entra em uma sala com assentos abertos, por que escolher aquele assento? Quando você chega a uma reunião, por que iniciar uma conversa com aquela pessoa?
Essas são decisões que você não pode passar o dia todo contemplando responsavelmente. Na prática, os cristãos que têm a visão subjetiva têm que segui-la de forma inconsistente, e eles geralmente a seguem não para decisões comuns, mas apenas para o que eles acham que são as mais importantes. (Mas às vezes o que achamos que são decisões comuns são mais importantes do que percebemos — como escolher um assento que acaba sendo bem ao lado da pessoa com quem você eventualmente se casará ou falar com um estranho que o conecta a um emprego dos sonhos.)
6. A visão subjetiva é historicamente nova.
Garry Friesen descobriu que a visão subjetiva é na verdade uma novidade histórica. A obsessão por uma orientação certa garantindo decisões infalíveis parece ser uma preocupação peculiar ao cristianismo moderno nos últimos 150 anos. Antes dos escritos de George Müller, não havia praticamente nenhuma discussão sobre “como descobrir a vontade de Deus para sua vida” na literatura da igreja. O que eu chamo de visão tradicional de orientação era parte integrante da cultura teológica do Movimento Keswick, que foi muito influente na Inglaterra e na América.
A novidade da visão subjetiva não prova decisivamente que ela está errada. Mas sua novidade deveria pelo menos fazer você parar para pensar sobre aceitá-la acriticamente.
Deus decretou um plano específico para sua vida, mas ele o chama para confiar nele e não se preocupar em descobrir qual é o plano decretado por ele antes de tomar uma decisão. Então, se a Bíblia não promete que Deus revelará a você exatamente o que você deve fazer em cada situação específica, como você deve escolher?
Discussão e reflexão:
- Como você resumiria a visão subjetiva da tomada de decisão e da vontade de Deus em suas próprias palavras?
- O que você acha esclarecedor e desafiador nessa avaliação da visão subjetiva?
- Como a visão subjetiva da tomada de decisão afetou você ou aqueles que você conhece?
Parte II: Como você deve decidir o que fazer? Quatro perguntas de diagnóstico
Essas quatro perguntas de diagnóstico são um conjunto de princípios para ajudar você a decidir o que fazer (os princípios não são etapas que devem ser seguidas em uma ordem específica):
- Desejo Sagrado: O que você quer fazer?
- Porta aberta: Quais oportunidades estão abertas ou fechadas?
- Conselho Sábio: O que pessoas sábias que o conhecem bem e conhecem bem a situação aconselham você a fazer?
- Sabedoria Bíblica: O que você acha que deveria fazer com base na sabedoria saturada da Bíblia?
1. Desejo Sagrado: O que você quer fazer?
Você pode estar pensando: “Que tipo de pergunta diagnóstica é essa para perguntar o que eu quero fazer? Você está dizendo que se eu quiser fazer algo pecaminoso, eu deveria fazer?” Não, essa pergunta diagnóstica tem uma ressalva importante: Faça o que você quer fazer se você é alegremente leal ao Rei. Você não deve fazer o que quiser se estiver se rebelando contra Deus. Se você está se submetendo a Deus — isto é, se você está seguindo-o alegremente, se você está obedecendo à sua vontade moral que ele revelou na Bíblia — então faça o que você quer fazer. Esta é outra maneira de dizer o que John MacArthur argumenta em seu pequeno livro sobre a vontade de Deus: Se você é salvo, cheio do Espírito, santificado, submisso e sofre de acordo com a vontade de Deus, então faça o que quiser.
Mas definitivamente não faça o que quiser se o objetivo da sua vida não for glorificar a Deus. Deus o chama para fazer muito dele como um membro fiel de uma igreja que faz discípulos. Se você é um homem, Deus o chama para fazer muito dele como um homem fiel — um filho, irmão, marido, pai e/ou avô. Se você é uma mulher, Deus o chama para fazer muito dele como uma mulher fiel — uma filha, irmã, esposa, mãe e/ou avó.
Este princípio do “desejo santo” é baseado no Salmo 37:4:
“Deleita-te no Senhor,
e ele lhe dará os desejos do seu coração.”
Tais desejos são sagrado desejos. Se você está se deleitando em Deus, então o que você quer fazer estará alinhado com o que você deveria fazer. Se você está sendo egoísta, então o que você quer fazer não estará alinhado com o que você deveria fazer. É por isso que Agostinho diz: “Ame e faça o que você quiser.” Isto é, faça o que você quiser se estiver amando a Deus com todo o seu ser e amando o próximo como a si mesmo.
Se você está pensando em se casar com um cristão em particular, por exemplo, então é útil perguntar: "Você quer se casar com essa pessoa?" Se tal perspectiva lhe desgosta (e se você está se deleitando em Deus), então isso é um indicador sólido de que você não deve se casar com essa pessoa! Observe o que Paulo diz em 1 Coríntios 7:39: "A mulher está ligada ao marido enquanto ele vive. Mas, se o marido morrer, ela é livre para se casar com quem ela quiser, somente no Senhor”. Isto significa que (1) uma viúva cristã tem a opção de se casar novamente ou não, e (2) ela pode se casar quem ela quiser desde que o homem seja cristão.
É notável que quando Paulo expõe as qualificações para um pastor ou supervisor, ele começa assim: “Se alguém aspira para o cargo de supervisor, ele desejos uma nobre tarefa” (1 Timóteo 3:1). Um dos critérios para um pastor é que ele quer ser pastor. O que você deseja em seus momentos mais sagrados?
2. Porta aberta: Quais oportunidades estão abertas ou fechadas?
Aqueles que têm a visão subjetiva podem usar a metáfora da porta aberta como uma desculpa de duas maneiras. Primeiro, pode ser uma desculpa fazer o que você não deveria. Por exemplo, quando uma escola de prestígio lhe oferece uma bolsa de estudos ou uma empresa lhe oferece um emprego bem remunerado, você entra pela “porta aberta” mesmo que haja boas razões para não fazê-lo. Segundo, pode ser uma desculpa não fazer o que você deveria. Por exemplo, se você está desempregado e tentando encontrar um emprego para sustentar sua família, em vez de procurar um emprego de forma enérgica e criativa, você procura sem entusiasmo e depois fica vadiando porque Deus não abriu uma porta.
Tudo o que quero dizer com “porta aberta” ou “porta fechada” é que uma oportunidade é atualmente uma opção ou não. Em outras palavras, considere suas circunstâncias. Quando minha família morou em Cambridge, Inglaterra, no primeiro semestre de 2018, exploramos alguns campi lindos, como o King's College. Mas às vezes não conseguíamos entrar no terreno de um campus porque os portões estavam trancados. É frustrante quando uma porta trancada impede você de entrar onde deseja ir. Portas trancadas restringem suas opções naquele momento (eu digo "naquele momento" porque uma porta que está fechada agora pode se abrir mais tarde).
A Bíblia usa o porta aberta metáfora como uma forma de nos ajudar a decidir o que fazer. Aqui está como Paulo compartilha seus planos de viagem com a igreja em Corinto: “Ficarei em Éfeso até o Pentecostes, para uma ampla porta para um trabalho eficaz se abriu para mim” (1 Cor. 16:8–9a). Paulo está planejando ficar em Éfeso porque Deus está abrindo grandes oportunidades para servir em um rico campo de trabalho. Isso implica que se Deus não estivesse abrindo tal porta, os planos de viagem de Paulo mudariam.
Mas só porque uma porta está aberta não significa que você deve passar por ela. Paulo conta aos coríntios: “Quando cheguei a Trôade para pregar o evangelho de Cristo, ainda que uma porta se abriu para mim no Senhor, meu espírito não estava em paz porque não encontrei meu irmão Tito lá. Então, despedi-me deles e fui para a Macedônia” (2 Cor. 2:12–13). Às vezes, você pode considerar se deve passar por uma porta aberta e então escolher não fazê-lo. Uma porta aberta é uma oportunidade que você pode ou não aproveitar. Uma porta fechada não é uma opção — embora possamos orar para que Deus abra uma porta específica (veja Cl. 4:3–4).
Então, se você se candidatou diligentemente para vários empregos e apenas três opções viáveis estão disponíveis no momento e você precisa de um emprego imediatamente, então essas opções são três portas abertas por enquanto. Você não pode passar por uma porta fechada. Todas as portas fechadas ajudaram a restringir suas escolhas a três portas abertas naquele momento.
Uma porta aberta não significa que você deve passar por ela. Nem uma porta fechada significa que uma oportunidade específica estará fechada para sempre para você. Mas quando você estiver considerando o que fazer, é útil observar quais oportunidades são opções viáveis no momento e quais não são.
3. Conselho Sábio: O que pessoas sábias que o conhecem bem e conhecem bem a situação aconselham você a fazer?
Você pode preferir tomar grandes decisões de forma independente, mas é um sinal de humildade e sabedoria buscar conselhos de conselheiros piedosos e sábios:
- “Onde não há orientação, o povo cai, mas na abundância de conselheiros há segurança” (Provérbios 11:14).
- “O caminho do tolo é reto aos seus próprios olhos, mas um homem sábio ouve conselhos” (Provérbios 12:15).
- “Quem anda com os sábios se tornará sábio, mas o companheiro dos tolos sofrerá aflição” (Pv 13:20).
- “Sem conselho os planos falham, mas com muitos conselheiros eles conseguem” (Provérbios 15:22).
- “Ouça conselhos e aceitar instruções, para que no futuro você ganhe sabedoria” (Pv 19:20).
- “Os planos são estabelecidos pelo conselho; com orientação sábia faze a guerra” (Pv 20:18).
- “Com orientação sábia você pode travar sua guerra, e na abundância de conselheiros há vitória” (Provérbios 24:6).
O que pessoas sábias que o conhecem bem e que conhecem bem sua situação aconselham sobre você mesmo e seus objetivos? Ouça com cuidado e humildade seus conselhos.
Há uma maneira astuta de tentar fraudar conselhos — compartilhar seletivamente apenas parte das informações relevantes e solicitar conselhos somente de pessoas que você sente que concordarão com o que você quer fazer. O espírito dos provérbios acima é que, quando você solicita conselhos de pessoas sábias, você o faz com a mente aberta. Seja um aprendiz humilde que está aberto ao que as pessoas sábias sugerem. Não seja tolo:
“O caminho do tolo é reto aos seus próprios olhos, mas o sábio ouve os conselhos” (Pv 12:15a).
Então, se você está considerando se deve se casar com um cristão em particular, o que você deve fazer se seus pais, seus pastores e seus amigos mais próximos o avisarem que eles acham que isso é uma má ideia por vários motivos? Se todos os conselhos se alinham contra o que você estava pensando em fazer, então, como regra geral, tais conselhos devem fazer você parar para pensar seriamente sobre prosseguir e levá-lo a reverter o curso.
Este princípio é especialmente útil quando todos os conselhos que você recebe são unificados e se alinham tanto com o que você quer fazer quanto com uma porta que Deus abriu providencialmente. Este princípio se torna menos útil quando você consulta pessoas sábias que o conhecem bem e conhecem bem a situação e ainda assim o aconselham de forma diferente. Por exemplo, se você está pensando em se casar com um cristão em particular, o que você deve fazer se o conselho for aproximadamente metade a favor e metade contra? Você precisará pressionar uma quarta pergunta de diagnóstico.
4. Sabedoria Bíblica: O que você acha que deveria fazer com base na sabedoria saturada da Bíblia?
Esta questão diagnóstica não é perfeitamente paralela às três primeiras porque abrange todas elas. O caminho da sabedoria leva tudo em consideração:
- seu desejo sagrado
- portas abertas e fechadas
- conselho sábio
- A vontade moral de Deus foi revelada na Bíblia
- outras informações relevantes que você pode obter ao considerar seus dons (quais atividades se mostraram frutíferas?) e pesquisando (quais são os prós e os contras das várias opções?)
Deus normalmente não intervém na vida de seu povo com revelação direta e especial. Deus espera que você use sabedoria bíblica para tomar decisões.
O rei Josafá orou: “Não sabemos o que fazer, mas os nossos olhos estão postos em ti” (2 Crônicas 20:12b). Haverá muitas vezes na sua vida em que você não saberá o que fazer. Mas você pode orar! Especificamente, você deve pedir sabedoria a Deus: “Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e ela lhe será dada” (Tiago 1:5). Quando você está orando sobre o que deve escolher em uma situação específica, você não deve se concentrar em receber revelações, impressões ou orientações especiais. Em vez disso, você deve se concentrar em obter sabedoria.
Mas o que é exatamente a sabedoria? A essência da sabedoria é habilidade ou habilidade. Aqui estão quatro ilustrações:
- José é sábio porque pode governar habilmente Egito (Gn 41:33).
- Bezalel é sábio porque ele é hábil em artesanato e designs artísticos (Êxodo 31:2–5).
- Hiram é sábio porque pode habilmente fazer qualquer trabalho em bronze (1 Reis 7:13–14).
- O povo de Israel é sábio porque é hábil em pecar! Jeremias diz sarcasticamente,
“Eles são 'sábios' — em fazer o mal!
Mas eles não sabem fazer o bem” (Jr 4:22).
Um homem é sábio em Provérbios porque ele pode habilmente ao vivo. Então podemos definir sabedoria assim: A sabedoria é a habilidade de viver com prudência e astúcia (prudente significa “agir com ou mostrar cuidado e pensamento para o futuro” e astuto significa “ter ou mostrar capacidade de avaliar com precisão situações ou pessoas e transformar isso em vantagem própria”).
Por exemplo, um homem sábio não entende meramente que o discurso de uma mulher proibida goteja mel e é mais suave que o azeite e que no fim ela é afiada como uma espada de dois gumes e que seus pés descem para a morte (Pv 5:3–5). Um homem sábio aplica habilmente esse conhecimento mantendo seu caminho longe dela (5:8) e bebendo água de seu próprio poço (5:15). Sabedoria é a habilidade de viver prudentemente e astutamente.
Então, quando você está tentando decidir o que fazer em uma situação específica, você precisa de sabedoria saturada pela Bíblia. Você precisa de discernimento para entender e aplicar a vontade moral de Deus.
- É por isso que Paulo vos ordena: “Procurai discernir o que é agradável ao Senhor. … Não seja tolo, mas entender qual é a vontade do Senhor” (Ef. 5:10, 17). “Transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que, provando, possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito” (Rm 12:2).
- É por isso que Paulo ora assim: “para que o vosso amor aumente cada vez mais no conhecimento e em toda a verdade. discernimento, para que você possa aprova o que é excelente” (Filipenses 1:9–10; cf. Cl 1:9).
Quando se trata de orientação, a Bíblia enfatiza o pensamento correto, não sentimentos confusos. Você precisa de sabedoria para entender o que Deus ordena que você faça na Bíblia e então aplicar isso em casos específicos.
É por isso que é tão importante que leiamos a Bíblia cuidadosamente e não a manuseemos mal. Se você for à Bíblia em busca de orientação virando aleatoriamente para uma passagem e lendo-a fora do contexto, você não está interpretando e aplicando a Bíblia cuidadosamente. Em vez disso, você está agindo de forma precipitada e tola.
Isso não acontece apenas com grandes decisões como com quem se casar ou que emprego aceitar. Também acontece para tomar uma decisão ética, que requer raciocínio moral:
- O que você deve pensar sobre tocar romanticamente sua namorada ou namorado antes do casamento?
- Você e seu cônjuge devem usar métodos contraceptivos no casamento?
- Você deve fazer uma tatuagem?
- Os cristãos devem votar? Se sim, como? Um cristão na América pode votar em um democrata no nível de presidente, congresso ou governador?
- Você deve usar roupas específicas ou não?
- Você deve passar uma noite livre assistindo a um programa ou filme específico?
O fluxograma abaixo de Vaughan Roberts resume como os cristãos devem tomar decisões éticas com base nos princípios de 1 Coríntios 8–10 (ver Fig. 2):
Fig. 2. Fluxograma para tomada de decisões
A pergunta inicial é "A Bíblia permite isso?" Se a Bíblia proíbe uma atividade específica, como fazer sexo fora do casamento, então não faça. Difícil não. Não é discutível.
A próxima pergunta é "Minha consciência permite isso?" Em outras palavras, "Posso agradecer a Deus por isso?" Se sua resposta for Sim, então poderíamos adicionar outra pergunta aqui no fluxograma: Você precisa calibrar sua consciência para se alinhar com a Palavra de Deus? Sua consciência é sua consciência ou senso do que você acredita ser certo e errado. Sua consciência não pode tornar uma atividade pecaminosa (como ficar bêbado) permissível, mas pode tornar uma atividade permissível (como beber vinho com moderação) pecaminosa se sua consciência o condenar por fazê-lo.
As três perguntas finais exploram áreas de liberdade. Elas enfatizam que você e suas liberdades individuais não são os únicos fatores a serem considerados. Uma marca de maturidade e piedade é que você escolhe o que fazer com base não apenas em como isso pode afetar você, mas em como isso pode afetar os outros.
Há quatro perguntas de diagnóstico que podem ajudar você a decidir o que fazer:
- Desejo Sagrado: O que você quer fazer?
- Porta aberta: Quais oportunidades estão abertas ou fechadas?
- Conselho Sábio: O que pessoas sábias que o conhecem bem e conhecem bem a situação aconselham você a fazer?
- Sabedoria Bíblica: O que você acha que deveria fazer com base na sabedoria saturada da Bíblia?
Depois de responder a essas quatro perguntas e decidir o que fazer, o que fazer?
Discussão e reflexão:
- Há decisões que você está enfrentando atualmente que se beneficiariam dessas quatro perguntas de diagnóstico?
- A descrição de sabedoria acima se alinha com o que você pensou sobre isso, ou essa é uma nova abordagem à sabedoria para você? Quais são algumas áreas em sua vida que exigem que você exerça a sabedoria bíblica?
Parte III: Tome uma decisão e siga em frente
Não congele. Não analise demais. Não tema ansiosamente que você possa perder o centro da vontade de Deus. Não fique obcecado que você possa experimentar algo desagradável. Em vez disso, como Kevin DeYoung exorta, “Apenas faça alguma coisa.” Tome uma decisão e siga em frente. Não “deixe ir e deixe Deus”. Em vez disso, como JI Packer coloca, “Confie em Deus e siga em frente”.
Quando você toma uma decisão, pode ser tentado a ficar ansioso, mal-humorado, inflexível, pensativo demais e covarde. Aqui está o que fazer em vez disso.
1. Não fique ansioso. Confie em Deus.
Jesus ordena a você: “Não andem ansiosos quanto à sua vida, quanto ao que comerão ou beberão, nem quanto ao seu corpo, quanto ao que vestirão” (Mt 6:25). Deus alimenta os pássaros, e você é mais valioso do que eles (6:26). Preocupar-se não ajudará você a viver mais (6:27), e na verdade o tornará menos santo e menos feliz. A ansiedade é contraproducente. Deus veste magnificamente os lírios, e ele também vestirá você (6:28–30). Então, em vez de se preocupar com o que você comerá, beberá ou vestirá (ou com qual pessoa você se casará, ou em que escola você irá estudar, ou em que emprego você trabalhará, ou com quais filhos você terá, ou onde você viverá, ou quando você morrerá), busque o reino e a justiça de Deus primeiro, e Deus cuidará do resto (6:31–33). Não se preocupe com o futuro porque “cada dia tem o seu próprio mal” (6:34b NVI).
Pessoas orgulhosas se preocupam. Pessoas humildes não. E a maneira de se humilhar é lançando todas as suas ansiedades sobre Deus: “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que, em tempo oportuno, ele vos exalte; lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1 Pe 5:6–7).
O oposto de estar ansioso é confiar em Deus. Você confia nele? Você confia em Deus mesmo quando ele não lhe conta todas as razões para o que ele faz? Você confia no caráter de Deus com base em como Deus se revelou a você nas Escrituras? As palavras de Deus o tornam sábio.
Isso pode ser difícil para você porque você quer saber o futuro. Você não sabe o futuro, e tudo bem porque Deus sabe. Ele ordenou tudo. E ele tem você coberto. Ele está cuidando de você, e ele lhe deu exatamente o que você precisa para agradá-lo. “Sabemos que para aqueles que amam a Deus todas as coisas cooperam para o bem, para aqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8:28). “Todas as coisas” inclui todas as suas decisões — sábias e insensatas.
Quando você se preocupa com o futuro, você está desconfiando de Deus e, portanto, desonrando Deus. Você não precisa saber todos os detalhes sobre o que está por vir. Você precisa confiar e obedecer a Deus. E isso inclui não se preocupar com o amanhã.
2. Não fique mal-humorado. Seja santo e feliz.
Você pode ficar tão preocupado em discernir qual é a vontade de Deus para uma decisão específica (como aceitar ou não uma oferta de emprego) que minimiza o que as Escrituras dizem explicitamente sobre a vontade de Deus. Por exemplo, duas passagens na Bíblia dizem explicitamente: “Esta é a vontade de Deus”:
- “Esta é a vontade de Deus, sua santificação [A vontade de Deus é que vocês sejam santos (NLT)]: que vocês se abstenham da imoralidade sexual” (1 Ts 4:3).
- “Alegrem-se sempre, orai sem cessar, dai graças em todas as circunstâncias; porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1 Ts 5:16–18).
A vontade de Deus não é que você fique mal-humorado. É que você seja santo e feliz.
Em CS Lewis A Viagem do Peregrino da Alvorada, você se lembra de quão mal-humorado Eustace era antes de Aslan desdragá-lo? Não fique mal-humorado como Eustace. A vontade de Deus é precisamente o oposto para você. Ele quer que você seja santo e feliz. Você agrada a Deus obedecendo-o, e você é mais feliz quando vive de acordo com o projeto de Deus — quando você desfruta de Deus e de seus dons.
3. Não seja inflexível. Esteja disposto a ajustar seus planos.
Você tem que tomar decisões — algumas das quais devem ser inflexíveis, como uma decisão moral de não cometer adultério. Mas em muitas outras áreas, você tem liberdade para honrar a Deus escolhendo isto ou aquilo — seja para comer no Chipotle ou Chick-fil-A, seja para ler O Progresso do Peregrino ou O Senhor dos Anéis, seja para ficar em casa ou viajar, seja para frequentar a escola em tempo integral ou trabalhar em tempo integral. Ao planejar o que fazer, lembre-se de que você não é Deus:
Venham agora, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, passaremos um ano ali, negociaremos e ganharemos dinheiro”, mas vocês não sabem o que o amanhã trará. O que é a sua vida? Pois vocês são como uma névoa que aparece por um pouco de tempo e depois se desvanece. Em vez disso, você deveria dizer: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”. Mas vocês se gabam da sua arrogância. Toda jactância como essa é maligna. (Tiago 4:13–16)
Não fique orgulhoso depois de tomar uma decisão. Se você decidiu sabiamente, então Deus lhe deu essa sabedoria. E às vezes, depois de tomar uma decisão, você tem que revisar seu plano à luz de circunstâncias que não previu. Muitas de suas decisões são alteráveis, então esteja disposto a ajustá-las. Seus planos acontecerão "se Deus quiser". Não seja inflexível.
4. Não pense demais em decisões passadas. Esforce-se para o que está por vir.
Não passe sua curta vida se perguntando: "Mas e se eu tivesse escolhido diferente?" Seja como Paulo: "Uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficam para trás e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus" (Filipenses 3:13–14). Claro, você deve aprender com seus erros. É isso que as pessoas sábias fazem. Mas você não deve ficar obcecado com o passado. Paulo prossegue em direção ao objetivo não se concentrando no passado. Isso inclui a vida passada de Paulo antes de se tornar um cristão, bem como sua vida passada como cristão — o bom progresso que ele fez como cristão. Você pode aplicar esse princípio de forma responsável para não pensar demais em decisões passadas. Em vez de ficar preocupado com o que teria acontecido se tivesse escolhido diferente, você deve se esforçar para o que está por vir. Tome uma decisão e prossiga.
5. Não seja covarde. Seja corajoso.
Pode haver um elemento de risco envolvido mesmo quando você toma uma decisão que honra a Deus — como quando a rainha Ester decidiu: “Irei ao rei, embora seja contra a lei, e se eu perecer, eu pereço” (Ester 4:16). Você precisa de coragem para prosseguir.
Se você está tendo dificuldade para escolher qual faculdade cursar, precisa de coragem para se comprometer e não se preocupar com o que pode estar perdendo em outra escola. Escolha sabiamente e siga em frente.
Se você é um homem que está pensando em ter um relacionamento com uma mulher em particular para ver se seria adequado para vocês dois se casarem, você precisa de coragem porque ela pode dizer "não". A análise e o conselho de Kevin DeYoung aqui são certeiros:
Quando há uma superabundância de solteiros cristãos que querem se casar, isso é um problema. E é um problema que coloco diretamente aos pés dos jovens cuja imaturidade, passividade e indecisão estão levando seus hormônios aos limites do autocontrole, atrasando o processo de crescimento e forçando inúmeras mulheres jovens a gastar muito tempo e dinheiro buscando uma carreira (o que não é necessariamente errado) quando prefeririam se casar e ter filhos. Homens, se vocês querem se casar, encontrem uma garota piedosa, tratem-na bem, conversem com os pais dela, façam o pedido, deem o nó e comecem a ter filhos.
Não quero dizer que apenas os homens jovens podem pecar e que as mulheres jovens não podem, e reconheço que pode haver outros fatores atenuantes — como feminismo e decadência cultural. Meu fardo aqui é que alguns cristãos têm uma abordagem subjetiva e preguiçosa ao casamento, e acho que é sensato exortar os homens a corajosamente tomarem a iniciativa e serem responsáveis.
Quando você decidir o que fazer, tome cuidado com uma mentalidade de evangelho da prosperidade. De acordo com o evangelho da prosperidade, Deus recompensa nossa fé aumentada com mais saúde e/ou riqueza. Mas isso perverte o evangelho. O evangelho é que Jesus viveu, morreu e ressuscitou pelos pecadores e que Deus salvará você se você se afastar de seus pecados e confiar em Jesus. Não é verdade que Deus sempre abençoa seu povo obediente com saúde e riqueza.
Ao obedecer a Deus, você pode sofrer. Deus não promete que sua vida sempre estará livre de conflitos, dificuldades e problemas. Ao contrário, a Bíblia diz: “Todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2 Timóteo 3:12). Na boa providência de Deus, é normal que pessoas piedosas sofram — homens como Jó, José, Daniel, Jeremias e Paulo. Se você sofre, isso não significa necessariamente que tomou uma decisão ruim. Deus não promete que nada de ruim lhe acontecerá se você permanecer no centro de sua vontade. Mas podemos confiar em Deus que Cristo sempre estará conosco (Mateus 28:20) e que nenhuma pessoa ou coisa pode ser contra nós com sucesso (Romanos 8:31–39).
Discussão e reflexão:
- Qual desses cinco itens é mais difícil para você? Por que você acha que é? Existe um problema cardíaco ou crença errada por trás dessa dificuldade?
- Se você estiver lendo isso com um mentor, pergunte quais decisões importantes ele ou ela tomou e como esse processo funcionou. Quais lições seu mentor levou, o que seria feito diferente agora, etc.?
Conclusão: “Eu era o leão.”
Como seria ter vislumbres da sua vida daqui a dois, cinco, dez, vinte e cinco anos? Você pode desejar que Deus interprete seu passado e revele seu futuro para você e explique como o que está acontecendo agora se encaixa no quadro geral. Mas essa não é a maneira normal de Deus. Você não deve tomar decisões pedindo a Deus para revelar seu futuro. Tudo fará sentido no devido tempo. Por enquanto, seu trabalho é confiar em Deus supremamente e não em você mesmo ou em qualquer outra pessoa.
Adoro como CS Lewis retrata essa verdade em O Cavalo e Seu Menino quando o leão Aslan fala com o menino Shasta. Enquanto Shasta pensa que está sozinho, ele reclama: “Eu fazer acho que devo ser o garoto mais infeliz que já viveu no mundo inteiro. Tudo dá certo para todos, menos para mim.” Lewis acrescenta, “Ele sentiu tanta pena de si mesmo que as lágrimas rolaram por suas bochechas.” Então Shasta de repente percebe que alguém estava caminhando ao lado dele na escuridão total. Esse alguém é Aslan. Quando Shasta conta a Aslan suas tristezas, a resposta de Aslan deveria nos repreender e encorajar de pouca fé:
[Shasta] contou como nunca conheceu seu verdadeiro pai ou mãe e foi criado severamente pelo pescador. E então ele contou a história de sua fuga e como eles foram perseguidos por leões e forçados a nadar para salvar suas vidas; e de todos os perigos em Tashbaan e sobre sua noite entre os túmulos e como as feras uivavam para ele do deserto. E ele contou sobre o calor e a sede de sua jornada no deserto e como eles estavam quase chegando ao seu objetivo quando outro leão os perseguiu e feriu Aravis. E também, quanto tempo fazia desde que ele tinha comido alguma coisa.
“Eu não o chamo de infeliz”, disse a Grande Voz.
“Você não acha que foi má sorte encontrar tantos leões?”, disse Shasta.
“Havia apenas um leão”, disse a Voz.
“O que diabos você quer dizer? Acabei de lhe dizer que havia pelo menos dois na primeira noite, e—”
“Havia apenas um: mas ele era rápido de pé.”
"Como você sabe?"
“Eu era o leão.” E enquanto Shasta boquiaberto de boca aberta e não dizia nada, a Voz continuou. “Eu era o leão que te forçou a se juntar a Aravis. Eu era o gato que te confortou entre as casas dos mortos. Eu era o leão que expulsou os chacais de você enquanto você dormia. Eu era o leão que deu aos Cavalos a nova força do medo para a última milha para que você alcançasse o Rei Lune a tempo. E eu era o leão que você não se lembra que empurrou o barco em que você estava, uma criança perto da morte, para que ele chegasse à costa onde um homem estava sentado, acordado à meia-noite, para recebê-lo.”
“Então foi você quem feriu Aravis?”
“Fui eu.”
“Mas para quê?”
“Criança,” disse a Voz, “estou lhe contando sua história, não a dela. Não conto a ninguém nenhuma história além da sua.”
"Quem são você?” perguntou Shasta.
“Eu mesmo”, disse a Voz, tão profunda e baixa que a terra tremeu; e novamente “Eu mesmo”, alto, claro e alegre; e então pela terceira vez “Eu mesmo”, sussurrou tão suavemente que você mal conseguia ouvir, e ainda assim parecia vir de todos os lados, como se as folhas farfalhassem com ele.
Shasta não tinha mais medo de que a Voz pertencesse a algo que o comeria, nem que fosse a voz de um fantasma. Mas um novo e diferente tipo de tremor tomou conta dele. No entanto, ele também se sentia feliz. …
Depois de um olhar para o rosto do Leão, ele escorregou da sela e caiu a seus pés. Ele não conseguia dizer nada, mas então ele não queria dizer nada, e ele sabia que não precisava dizer nada.
Encontros diretos com Deus — como Aslan falou com Shasta — não são normais. Você não precisa buscá-los. Deus já lhe deu o que você precisa para ser fiel e frutífero. A troca acima entre Shasta e Aslan deve lembrá-lo de que o Deus onisciente, todo-poderoso e todo-bom está supervisionando todas as coisas para o seu bem, e nesta vida você não saberá todas as maneiras e razões pelas quais Deus revela seu plano para você. Então, não fique ansioso e mal-humorado como Shasta. Confie em Deus e siga em frente. Escolha sabiamente e siga em frente.
Agradecimentos
Agradecemos aos amigos que gentilmente ofereceram feedback sobre os rascunhos deste pequeno livro, incluindo John Beckman, Bryan Blazosky, Tom Dodds, Abigail Dodds, Betsy Howard, Trent Hunter, Scott Jamison, Jeremy Kimble, Cynthia McGlothlin, Charles Naselli, Jenni Naselli, Kara Naselli, Hud Peters, John Piper, Joe Rigney, Jenny Rigney, Adrien Segal, Katie Semple, Steve Stein, Eric True e Joe Tyrpak.
Resumo deste Guia de Campo
A Bíblia não promete que Deus revelará a você exatamente o que você deve fazer em cada situação específica. Deus normalmente não intervém na vida de seu povo com revelação direta e especial. Em vez disso, Deus espera que você use a sabedoria bíblica para tomar decisões. Quatro perguntas de diagnóstico podem ajudá-lo a decidir o que fazer: (1) O que você quer fazer? (2) Quais oportunidades estão abertas ou fechadas? (3) O que pessoas sábias que o conhecem bem e conhecem bem a situação o aconselham a fazer? (4) O que você acha que deve fazer com base na sabedoria saturada da Bíblia? Confie em Deus e siga em frente. Escolha sabiamente e prossiga.
Biografia curta
Andrew David Naselli (PhD, Bob Jones University; PhD, Trinity Evangelical Divinity School) é professor de teologia sistemática e Novo Testamento no Bethlehem College and Seminary em Minneapolis e um dos pastores da The North Church em Mounds View, Minnesota. Andy e sua esposa, Jenni, são casados desde 2004, e Deus os abençoou com quatro filhas.